segunda-feira, 28 de maio de 2018

Movimento operário na Primeira República

  Com o aumento da industrialização, a crescente concentração de capital e a formação de grandes monopólios no século XIX, diversos países europeus se destacaram com o crescimento de suas economias. A partir da ascensão desse sistema, ocorreu o surgimento de uma nova classe social: os operários, isto é, os trabalhadores das indústrias capitalistas. Consequentemente, surgiram relações sociais de exploração entre os donos das fábricas e os trabalhadores das fábricas e a partir da insatisfação vivenciada por esses trabalhadores diversos movimentos surgiram com o intuito de solucionar esses problemas e de reivindicar seus direitos.
  Dentre os acontecimentos que geraram influências importantes cabe citar a Comuna de Paris, 1871, que foi a realização de uma forma de governo controlada por trabalhadores e membros de classes populares da França e de outros países que esteve na memória coletiva do movimento operário, sendo sua experiência evocada em vários processos revolucionários posteriores. Além disso cabe ainda a Primeira Internacional (AIT) que foi a primeira organização que pretendeu reunir diversas correntes do movimento operário do mundo industrializado, na segunda metade do século XIX.
  A partir desses movimentos que ocorreram pelo mundo tais influências afetaram o Brasil quando passava pela onda da industrialização na República Velha. No início da formação dessa classe de trabalhadores brasileiros percebe-se a predominância de imigrantes europeus fortemente influenciados pelos princípios anarquistas e comunistas. Com isso na primeira década do século XX, o Brasil já tinha um contingente operário com mais de 100 mil trabalhadores, com a grande maioria concentrada nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi nesse contexto que as reivindicações por melhores salários, jornada de trabalho reduzida e assistência social conviveram com perspectivas políticas mais incisivas que lutavam contra a manutenção da propriedade privada e do chamado “Estado Burguês” possibilitando o início do movimento operário.


Comuna de Paris.


  Durante a primeira república, principalmente entre 1890-1920, os ideais anarquistas eram predominantes na esquerda brasileira. Autores como Proudhon, Bakunin, Kropotkin, Robin… são alguns que influenciaram o movimento operário brasileiro até 1920. O anarco-sindicalismo era a forma dos trabalhadores se organizarem. Essa influência anarquista no Brasil veio junto aos trabalhadores imigrantes da Europa.
  Com a Revolução Russa em 1917, os ideais comunistas passaram a ser mais conhecidos e influenciar o movimento operário em todo o mundo.
Em 1919 foi fundado o primeiro Partido Comunista do Brasil, o partido ainda tinha muitas influências do anarco-sindicalismo, mas deixa de existir pouco tempo depois.
  Em 1922 foi fundado do Partido Comunista do Brasil, hoje Partido Comunista Brasileiro(PCB), maior parte dos seus fundadores eram egressos do anarco-sindicalismo com forte presença dos ideais comunistas, inspirados pela Revolução Russa. O PCB foi colocado na ilegalidade meses após de ser fundado, mas isso não o impediu de crescer e se tornar um grande partido e dar continuidade ao movimento operário no país.





Delegados do congresso que fundou o PCB, em 1922.



  Durante 15 e 22 de abril de 1906 ocorreu o primeiro Congresso Operário Brasileiro no Centro Galego na Rua da Constituição, Centro do Rio de Janeiro, e reuniu 43 delegados de 28 sindicatos e associações diferentes. Ainda que, desde 1892, tivessem ocorrido outros encontros no Rio De Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, era a primeira vez que um Congresso Operário teve alcance nacional e apresentou resultados amplos.
  No congresso, duas frentes debateram diferentes temas: a dos sindicalistas revolucionários (maioria) e a dos pragmáticos (como eram chamados), que defendiam a colaboração entre classes e o desestímulo à greve. No final do Congresso, as propostas dos pragmáticos foram derrotadas.
Entre as resoluções do encontro, estava a indicação de que o operariado se organizasse em grupos de resistência econômica, colocando fora do sindicato toda e qualquer luta política. Eles também rejeitavam o assistencialismo como forma de atrair mais membros para os sindicatos.
  O Congresso recomendou uma campanha contra a exploração de colonos pelos fazendeiros, sugerindo a formação de sindicatos de trabalhadores rurais. Eles também se posicionaram contra a exploração do trabalho feminino.
  Aconselhava ainda que os sindicatos não criassem cargos remunerados, a menos que
eles exigissem dedicação integral, e a não aceitação de títulos honoríficos pelos sindicalistas. Recomendava ainda substituir as diretorias das entidades por comissões administrativas. Os participantes também aprovaram a luta imediata pela jornada diária de oito horas de trabalho. Para isso foi marcada uma greve geral que seria deflagrada a primeiro de maio de 1907. Greve que foi realizada e durou mais de 30 dias, conquistando vitórias para pedreiros, carpinteiros, sapateiros, gráficos, costureiras e metalúrgicos entre outros. Outra decisão importante foi a criação da Confederação Operária Brasileira
(COB) com sede no Rio de Janeiro.






Primeiro Congresso Operário Brasileiro.


  No início do século XX, pequenas greves eram frequentes nos grandes centros industriais, e estas começaram a ganhar força. Notando a consolidação desses levantes, o governo promulgou uma lei que expulsou os estrangeiros considerados uma ameaça à segurança nacional. Essa tentativa de repressão foi rapidamente respondida por uma nova greve, agora maior, no estado de São Paulo, em 1907.
  O governo, no entanto, permaneceu altamente vilipendioso nas situações de trabalho do período. Devido a isso, uma greve de maiores proporções, em 1917, estourou novamente em São Paulo, buscando a implantação de uma sociedade mais igualitária. A tensão tomou conta das ruas e um confronto com os policiais aconteceu, matando um jovem trabalhador. O governo, entretanto, tomou medidas arbitrárias como reação, prendendo grevistas, expulsando imigrantes e espancando manifestantes. Esse evento serviu para irritar ainda mais os operários, que passaram a organizar passeatas maiores pelo centro da cidade.




Greve Geral de 1917.



  A Greve Geral deixou marcas entre os trabalhadores urbanos brasileiros. Desta maneira, podemos citar:

-O operariado brasileiro adquire consciência de classe
-Desenvolvem-se os primeiros sindicatos(como uma nova força no cenário político) a partir das ligas de classe dos bairros,
-Divulgação e fortalecimento das ideias de esquerda no Brasil
-A resolução de conflitos sociais não deveria ser resolvida através da polícia.



Bibliografia:



https://www.todamateria.com.br/greve-geral-de-1917/

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/movimento-operario-brasileiro.htm

https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/movimento-operario-no-seculo-xix.htm

http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2016-04/ha-110-anos-ocorria-o-primeiro-congresso-operario-brasileiro

https://www.estudokids.com.br/movimento-operario-no-brasil/

uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627111115.pdf



A Revolta da Chibata


 A Revolta da Chibata foi um motim naval no Rio de Janeiro, Brasil, ocorrido no final de novembro de 1910.

 Os marujos da Marinha de Guerra brasileira viviam sob péssimas condições de trabalho: soldados miseráveis, má alimentação, trabalhos excessivos e opressão da oficialidade. Mas os castigos físicos aos quais eram submetidos, principalmente com o uso de chibata, eram ainda mais graves.




O estopim que desencadeou a revolva ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais.


Os rebelados assassinaram o capitão do navio e mais três militares. Enquanto isso, na Baía de Guanabara, os insurgentes conseguiram a adesão dos marujos da nau São Paulo.

 O condutor da insurreição, João Cândido , foi o responsável por escrever a missiva com as solicitações exigidas para o fim da revolta.

Pressionado tanto pelas ameaças dos marujos quanto de políticos, o governo de Hermes da Fonseca aceitou os termos propostos e pôs fim aos castigos físicos na Marinha em 26 de novembro de 1910 e prometeu anistia a todos os envolvidos. A promessa do governo não foi cumprida e, no dia 28 de novembro, um decreto dispensou cerca de mil marinheiros por indisciplina.

Os marinheiros foram presos na Ilha das Cobras, sede do Batalhão Naval. Sentiram- se traídos e se amotinaram, em 9 de dezembro de 1910. Essa segunda revolta, no entanto, foi massacrada violentamente.

O governo deu uma resposta dura e a prisão foi bombardeada e destruída pelo exército, matando centenas de prisioneiros e fuzileiros navais.

Os 37 amotinados foram colocados em 2 prisões solitárias, lá morreram sufocados. Só João Cândido e outro companheiro sobreviveram.

Em 1911, os que aderiram ao movimento já estavam mortos, presos ou expulsos do serviço militar. Muitos dos envolvidos foram mandados para campos de trabalhos forçados nos seringais da Amazônia e na construção da ferrovia Madeira-Mamoré.



João Cândido, chamado de Almirante Negro pela imprensa, sobreviveu á prisão e foi inocentado, porém por estar traumatizado com tantos desgostos e sofrimentos, foi considerado desequilibrado e internado num hospício.

Ele seria absolvido das acusações em 1º de dezembro de 1912, mas foi expulso da Marinha.

Tentou diversos trabalhos, tanto na marinha mercante quanto em outros locais, todavia era sempre perseguido pela própria marinha brasileira ou por seus patrões quando descobriam que se tratava do Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata.

Virou pescador e vendedor, até que o jornalista Edmar Morel transformou sua história e lançou o livro "A Revolta da Chibata", em 1959.

João Cândido morreu como pescador, sem reconhecimento, pois faleceu em 1969, em plena ditadura militar. Em sua homenagem, João Bosco e Aldir Blanc compuseram a música O Mestre-Sala dos Mares, que ficou famosa na interpretação de Elis Regina.

Durante anos, a única homenagem a João Cândido foi “as pedras pisadas do cais”. Em 2002, a ideia era também conseguir uma indenização para as famílias dos marinheiros que, ao participarem do movimento, pagaram um preço muito caro, sendo despejadas da marinha e perdendo o sustento.

Só em 23 de julho de 2008, o governo brasileiro entendeu que eram legítimas as causas da revolta e concedeu anistia aos marinheiros envolvidos.

Para relembrar o centenário da revolta, na Praça 15 foi erigida uma estátua cujo objetivo é lembrar que a luta pelo fim dos castigos físicos e por melhores condições de trabalho na marinha não foi em vão.





Livros sore a revolta:

- Revolta da Chibata (Rio de Janeiro 1910)Autor: Roland, Maria Inês de França

- A Revolta da ChibataAutor: Morel, Edmar
- João Cândido - O Almirante Negro

  Autor: Cheuiche, Alcy

domingo, 27 de maio de 2018

Guerra do Contestado




A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu no Sul brasileiro, e durou cerca de 4 anos. O conflito envolveu por volta de 20 mil camponeses que enfrentaram as forças militares. Ganhou o nome de Guerra do Contestado devido a área de disputa territorial ser entre os estados do Paraná e Santa Catarina.

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No final do século XIX, o governo brasileiro autorizou a construção de uma estrada de ferro ligando os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Para isso, desapropriou uma faixa de terra, de aproximadamente 30 km de largura, que atravessava os Estados do Paraná e de Santa Catarina, uma espécie de "corredor" por onde passaria a linha férrea. A responsável pela construção foi a empresa norte-americana Brazil Railway Company, de propriedade do empresário Percival Farquhar, que também era dono da Southern Brazil Lumber and Colonization Company, uma empresa de extração madeireira.

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A construção da estrada acabou atraindo muitos trabalhadores para a região onde ocorreria a Guerra do Contestado. Quando a linha férrea ficou pronta, a empresa não garantiu o regresso das pessoas que tinham se deslocado para a região, permanecendo ali sem qualquer apoio e, consequentemente, numa situação econômica bastante precária.

Ao mesmo tempo, os posseiros* que viviam na região entre o Paraná e Santa Catarina foram expulsos de suas terras. Isso porque, embora estivessem ali já há bastante tempo, o governo brasileiro, no contrato firmado com a Brazil Railway, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras. Além de construir a estrada de ferro, Farquhar, por meio da Southern Brazil Lumber, passou a exportar a madeira extraída ao longo da faixa de terra concedida pelo governo brasileiro para os Estados Unidos. Com isso, os pequenos fazendeiros que trabalhavam na extração da madeira foram arruinados pelo domínio da Lumber sobre as florestas da região.


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Com o problema social agravado, um movimento messiânico* ganhou força. Diversos profetas, beatos e monges pregando ideais de justiça, paz e comunhão foram aglutinando pessoas ao redor. Um deles foi João Maria, que se tornou referência para o povo caboclo.

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Em 1912, apareceu na região um monge chamado José Maria de Santo Agostinho, nome que mais tarde a polícia descobriria ser falso. José Maria foi saudado pelos habitantes do local como a ressurreição de outro monge que vivera ali até 1908, o monge João Maria: era como se o antigo líder espiritual tivesse voltado.

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Sem autorização do governo, José Maria que, entre suas pregações falava do fim do mundo nos anos 2000, era contra a república e tinha fama de curandeiro porque estudava as ervas e com elas auxiliava muitos doentes, fundou uma comunidade a fim de receber os oprimidos – Quadrado Santo, razão pela qual a Guerra do Contestado ficou também conhecida como Guerra Santa.

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A mobilização na região passou a incomodar o governo federal não apenas por crescer rapidamente, com a formação de novas comunidades, mas também porque os rebeldes passaram a associar os problemas econômicos e sociais à República. Ao mesmo tempo, os coronéis locais ficaram incomodados com o surgimento de lideranças paralelas, como José Maria. Já a Igreja, diante do messianismo que envolvia o movimento, também defendeu a intervenção na região. De forma autoritária e repressiva, os governos do Paraná e de Santa Catarina, articulados com o presidente Hermes da Fonseca, começaram a combater os rebeldes. Embora tenham tido pouco sucesso nos dois primeiros anos do conflito, as forças oficiais obtiveram, a partir de 1914, sucessivas vitórias sobre os revoltosos - graças à truculência das tropas e ao seu numeroso efetivo, que contava com homens do Exército brasileiro e das polícias dos dois estados.

A guerra se passou entre os anos 1912 e 1916. Com quase 46 meses de conflito, a Guerra do Contestado superou até mesmo Canudos em duração e número de mortes. Famintos e com cada vez mais baixas, diante do conflito prolongado, da força e crueldade das tropas oficiais e da epidemia de tifo, os revoltos caminharam para a derrota final, consumada em agosto de 1916 com a prisão de Deodato Manuel Ramos, último líder do Contestado.

Oficialmente o confronto sangrento – pesquisadores divergem quanto ao número de mortos, que oscila entre 10 e 20 mil – acabou em 20 de outubro de 1916, quando foi assinado o acordo de paz. O ofício estabelecia que as terras da bacia do rio Uruguai pertenceriam a Santa Catarina e as da bacia do Iguaçu seriam do Paraná. Surgem as cidades de Mafra, Joaçaba, Chapecó e de Porto União e vai sendo construída uma nova cultura regional no Brasil.

*Posseiro: pessoa que contém na prática a posse de uma porção de terra, mas não é dono da terra na lei, não tem documentação nem registro no cartório.

*Messiânico:  relativo a um messias ou a movimento ideológico que prega a missão de que estaria investido um homem (ou grupo de homens) na salvação da humanidade.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Semana de Arte Moderna

A semana de arte moderna de 1922 criou um legado no cenário cultural brasileiro que marca até hoje as criações artísticas contemporâneas. Mas para entender por que seu impacto foi tao grande é necessário analisar primeiramente como ela se formou.


 Em meados do inicio do século XX (+/- 1890 ate 1925), a influencia da belle époque francesa predominava na cultura nacional. Havia uma atmosfera otimista e conservadora que buscava o ressurgimento do belo e sonhava com as possibilidades das novas tecnologias, como a construção do Bondinho do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro e a modernização de Belém. Entretanto, com as diversas mudanças no cenário mundial, principalmente em decorrência da 1ª Guerra, formas subversivas ao tradicional começam a surgir, como o impressionismo, o cubismo, dentre outras vanguardas europeias. Essas novas expressões marcam a formação dos artistas brasileiros com graduação no exterior, que buscam trazer as influencias para a criação de uma arte nacionalista e moderna, iniciando o movimento pré-modernista. Algo que se pode observar através das exposições de Lasar Segall, de 1913, e da Anita Malfatti de 1913.


Duas amigas (1913), de Lasar Segall. Dimensoes: 85cm x 79cm. Oleo sobre tela. Museu Lasar Segall.




Grand Hotel, em Belém. Influência da Belle Époque no Brasil: “Belle Époque Tropical”.




       
Bondinho do Pão de Açúcar, construído em 1912 no Rio de Janeiro, representando a Belle Époque carioca.





A Semana de Arte Moderna oficializa primeiro momento Modernista do Brasil. Ela representou um divisor de águas na cultura brasileira, gerando transformações profundas e firmando o modernismo no país. Essa nova forma de expressão não foi apreciada pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais conservadoras.
Participantes da Semana de Arte Moderna

Anita Malfatti   


Anita Malfatti nasceu no dia 2 de dezembro de 1889, aos 13 anos de idade tentou se suicidar, o que para ela foi o momento mais importante e decisivo de sua vida. (veja aqui seu relato sobre isto). Estudou artes e pintura na Europa, onde ficou durante quatro anos em Berlim, Alemanha (1910-1914), na Academia Imperial de Belas Artes. Estudou também em Nova Iorque (1915-1916), onde aprofundou seus conhecimentos sobre pintura na “Arts Students League of New York” e na “Independent School of Art”. Em 1917 Anita reuniu todas suas obras para uma exposição em São Paulo, a Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti. (Conheça mais sobre a exposição e como os expectadores reagiram aqui. Anita Malfatti foi uma artista decisiva para o inicio do modernismo no Brasil, rompendo com os pensamentos provincianos, difundindo estudos sobre arte vindos da europa e Estados Unidos. Anita Malfatti nasceu com uma atrofia no braço e mão direita, o que carregou por toda sua vida.


Victor Brecheret                



Victor Brecheret  nasceu no dia 15 de novembro de 1894, na Itália, ao se tornar órfão aos 10 anos de idade foi morar com o tio em São Paulo, Brasil. Brecheret iniciou seus estudos em 1912, entrando
para o Liceu de Artes e Ofício. No ano seguinte viajou para Roma à fim de aprender escultura. Permaneceu n Itália durante cinco anos, onde teve contato com as vanguardas europeias. Em retorno ao Brasil, Em 1919, montou seu atelie no palácio das indústrias, no ano seguinte entrou
em contato com outros artistas modernistas.
Brecheret foi o responsável por inserir práticas modernistas nas esculturas, recebeu diversas premiações. Mais sobre vida e obra de Brecheret: https://www.youtube.com/watch?v=3Hwezw2rJx0


Mário de Andrade

 Mário de Andrade nasceu em São Paulo, Capital no dia 9 de outubro de 1893. Passou a ter mais

convívio com artistas da época, como Anita Malfatti e Oswald de Andrade.
Mário de Andrade escreveu seu primeiro livro com o pseudônimo de Mário
Sobral, criticando as mortes na primeira guerra mundial. “Há uma gota de
sangue em cada poema.”
Mário de Andrade foi um importante escritor para o movimento modernista
brasileiro. Escrevendo poemas em crítica a sociedade da época.
Assista aqui um documentário sobre vida e obra de Mário de Andrade.



Oswald de Andrade

Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1890.
Formou-se em Direito e ingressou na carreira jornalística.
Teve seu início na literatura em 1911, no jornal semanal. Viajando à Paris em 1912, onde conhece as idéias futuristas e inovadoras das vanguardas
européias. Em 1917 Oswald de Andrade retorna a São Paulo, defendendo
Anita Malfatti das críticas de Monteiro Lobato.
Oswald de Andrade foi decisivo para a implantação e definição do
modernismo no Brasil, suas obras eram de caráter irônico, combativo e
Assista um documentário sobre Oswald de Andrade:


Di Cavalcanti  



Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti. Nasceu no Rio de Janeiro, a 6 de Setembro de 1897. Ele foi um dos primeiros artistas a pintar elementos da realidade social brasileira, como festas populares, a retratação das favelas, operários das grandes cidades, o samba e etc.
Di Cavalcanti foi um pintor que caracterizou o Modernismo, um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna.
Em 1923 foi trabalhar em Paris, e esse período de contato com as Vanguardas européias o estimularam os ideais de trabalho de Di Cavalcanti. Assista também ao documentário Vida e Obra Di Cavalcanti: https://youtu.be/ea-hbloyB1o



Manuel Bandeira 



Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu no dia 19 de abril de 1886, no Recife, Pernambuco. Aos dez anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro onde estudou no Colégio Pedro II entre os anos de 1897 a 1902. Mais tarde, formou-se em Letras. Por sua condição de saúde teve que fazer tratamento na Suíça, para tentar curar sua tuberculose. Com isso teve grande influência das vanguardas européias. Retorna ao Brasil em 1917 e se mantém em Minas e no Rio ainda debilitado com sua doença, mas escrevendo e produzindo até o dia de sua morte com um vasto acervo de poemas, contos, críticas e sátiras literárias. Seu poema Os Sapos foi lido no segundo dia da Semana de Arte Moderna por Ronald Carvalho. Manuel Bandeira foi um escritor que marcou o modernismo, com suas críticas ao parnasianismo foi alvo de críticas do público. Porém mais um célebre escritor e crítico social do modernismo.
Assista também!
Veja aqui o relato de uma amiga que conviveu com Manuel Bandeira décadas
antes de sua morte:


A Semana de Arte moderna queria propor uma inovação da arte a partir das inspirações das vanguardas europeias. Os intelectuais brasileiros se viram em um momento em que precisavam abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em nosso país, para dar lugar a um novo estilo completamente contrário. Por isso, artistas que estudavam na Europa voltaram ao Brasil com o intuito de explorar mais a arte, devido ao descontentamento com o estilo anterior, e então organizaram um evento cultural que marcaria para sempre a história da arte brasileira.
Ideias como liberdade, identidade nacional e mistura de referências regionais e globais não se esgotaram na Semana. É difícil pensar na arte brasileira contemporânea sem esses componentes. Se hoje os artistas brasileiros agitam casas de leilões e figuram nos mais importantes museus do planeta é porque um grupo de destemidos impulsionou a locomotiva que mudaria a arte brasileira.
O evento chocou grande parte da população e trouxe à tona uma nova visão sobre os processos artísticos, bem como a apresentação de uma arte "mais brasileira". O principal objetivo era desvencilhar-se da forte influência academicista e do conservadorismo que ainda controlavam o repertório artístico-literário brasileiro, fundindo as influências do exterior e elementos da cultura do Brasil afim de criar uma arte essencialmente brasileira. Em São Paulo, esta nova forma de expressão não foi compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais tradicionais. Houve então um rompimento radical com a Arte acadêmica.
Dessa forma, a crítica ao movimento foi severa, as pessoas ficaram desconfortáveis com as apresentações e não conseguiram compreender a nova proposta de arte. Os artistas envolvidos chegaram a ser comparados aos doentes mentais e loucos e Monteiro Lobato, escritor referencia na época, foi um dos escritores que atacou as ações da Semana de 22. Também não houve preparação da população para a recepção de tais modelos artísticos. Por exemplo, durante a leitura do poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira  o público no Teatro Municipal  vaiou e atrapalhou a leitura, mostrando desaprovação.
Por conseguinte, a Semana de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância ao longo do tempo. Ela é um grande marco não na semana em si, mas nos seus desdobramentos. Por isso, ela acaba se tornando uma referência na cultura brasileira a partir de 1922. Observaram-se diversos grupos de artistas se reuniam, publicando e fundando revistas com o intuito de disseminar esse novo modelo. Destacam-se:
Revista Klaxon (1922)
Revista Terra Roxa e Outras Terras (1927)
Revista de Antropofagia (1928)
Revista Estética (1924)
A Revista (1925)
Para saber especificamente sobre o papel de cada revista e os autores publicados e difundidos, veja a sequencia acima resumida em 7 slides: http://slideplayer.com.br/slide/3280886/ 

         
Capa da revista Klaxon, 1922.                                                    Revista de Antropofagia, 1928.

     Os desdobramentos de tudo isso você vai encontrar até hoje na cultura. O Tropicalismo, que teve inicio em 1967 e 1968, por exemplo, deriva das influências da Semana de Arte Moderna, pois também foi uma ruptura da estética e conteúdo anteriores, impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional. A Bossa Nova precedeu o Movimento Tropicalista e também está muito ligada ao modernismo.






Album Tropicalia ou Panis et Circencis, lançado por Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé.



quarta-feira, 23 de maio de 2018

A Revolta da Vacina

        

Revolta da Vacina foi uma revolta e manifestação popular. 

O início do período republicano no Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares.
 O motivo que desencadeou essa revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a variola. 

"Tiros, brigas, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados às pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz."

A campanha de vacinação obrigatória foi colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta pelo estado. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam aqueles que se recusavam, a força. Nesta época, não era de conhecimento público os benefícios da vacina, e a instituição nao se incomodou em explicar á população.
A resistência popular, que quase levou a um golpe militar, teve o apoio de positivistas e dos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. Os acontecimentos, que tiveram início no dia 10 de novembro de 1904, com uma manifestação estudantil, cresceram consideravelmente no dia 12, quando a passeata de manifestantes dirigia-se ao Palácio do Catete, sede do Governo Federal. A população estava alarmada. No domingo, dia 13, o centro do Rio de Janeiro transformou-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a varíola, que ficou conhecida como a Revolta da Vacina, mas que foi muito além disso.

A população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas, muitos perderam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos "mata-mosquitos", que agiam acompanhados por policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas "partes íntimas" do corpo (as mulheres teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da população, que se rebelou.
A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de novembro). A rebelião foi contida, deixando 30 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, enviadas para o Acre.
Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo, sido erradicada da capital. 
Hoje  vacinações são comuns.

domingo, 20 de maio de 2018

A Guerra de Canudos



 A chamada Guerra de Canudosrevolução de Canudos ou insurreição de Canudos, foi o confronto entre um movimento popular de fundo sócio-religioso e o Exército da República, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no Brasil. 
   

Contexto histórico   



  A situação na região, à época, era muito precária devido às secas, à fome, à pobreza e à violência social. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais, os quais, diante da incapacidade dos poderes constituídos em debelá-los, conduziram a um conflito de maiores proporções. 

Religiosidade em Canudos

Apareceu no sertão do Norte um indivíduo, que se 
diz chamar Antônio Conselheiro e que exerce grande influência no espírito das classes populares. Deixou crescer a barba e os cabelos, veste uma túnica de algodão e alimenta-se tenuemente, sendo quase uma múmia. Acompanhado de duas professas, vive a rezar terços e ladainhas e a pregar e dar conselhos às multidões, que reúne onde lhes permitem os párocos. Descrição da Folhinha Laemmert, de 1877, reproduzida por Euclides da Cunha em Os Sertões1902. 
  Antônio Vicente Mendes Maciel (ou Antônio Conselheiro) após ser solto da prisão, tornou-se um profeta leigo organizando mutirões para reformar igrejas e cemitérios, fazendo pregações para que o povo mais humilde de sua região. Ele fundou a comunidade de Belo Monte ou, melhor conhecida, Canudos para abrigar os milhares de seguidores que ia reunindo. Tal comunidade não reconhecida a autoridade da república. Antônio Conselheiro não concordava com a República e nem com o casamento e registro civis, defendendo as tradições, o catolicismo popular e a monarquia. 
Além de se opor à República nos planos político e ideológico, os Conselheiristas (chamados de "fanáticos" no Sudeste) eram contra o aumento de impostos que veio com a República e com isso, levava os trabalhadores a deixarem de servir os grandes fazendeiros da regiãoque perdiam sua mão de obra barata e temiam uma reforma agrária radical e popular. A igreja Católica também se opunha às práticas do Conselheiro. Canudos se tornou uma teocracia ,com base nas interpretações religiosas de Antônio Conselheiro, formando uma comunidade com maior igualdade social. 

Os conflitos militares 



Chegada das forças que
vieram da guera
  Nas três primeiras tentativas das tropas governistas em combater o arraial de Canudos nenhuma foi bem-sucedida. Os sertanejos e jagunços se armaram e resistiram com força contra os militares. Porém, em outubro de 1897,o governo federal enviou quase todo o exército, sob a liderança do general Arthur Oscar, para destruir Canudos. Dessa vez, foi criada uma linha de abastecimento entre as cidades para fornecer munição, água e alimentos par as tropas na linha de frente para evitar o erro repetido. Canudos foi cercada e os moradores passaram a sofrer fome, sede e doenças. Antônio Conselheiro morreu doente antes da destruição total da cidade pelo exército, o que ampliou a desmotivação entre seus seguidores.  Muitos conseguiram fugir, mas principalmente mulheres e crianças se renderam ao exército. Outros foram executados e degolados pelos militares.

Mulheres e crianças, seguidoras de Antônio Conselheiro,
presas durante os últimos dias da guerra

  Entre os dias 3 e 5 de outubro de 1897,Canudos foi bombardeada, invadida e incendiada pelo exército. Milhares de sertanejos que ainda resistiram foram mortos em um verdadeiro massacre contra o povo brasileiro praticado pelo próprio governo brasileiro, que até então não havia se preocupado com essa parte do povo e que até hoje sofre com problemas como a falta d'água, fome, desemprego, sáude, educação etc. 

Na Literatura 

  O jornalista e militar Euclides Cunha (natural de Cantagalo,Rj) trabalhando para o jornal O estado de São Paulo (existente até hoje) testemunha os eventos finais de Canudos. Em 1902 publicou o livro Os Sertões , clássico da literatura brasileira, onde narra o meio geográfico e toda a trajetória de Canudos, denunciando o massacre contra os seus moradores contribuindo assim para o entendimento da questão. Já que até então, a opinião pública da época apoiava o ataque. Ele se uniu com outros autores, como Lima Barreto.Que denunciaram o autoritarismo do início da República brasileira. 

  O exército "vitorioso" não recebeu seu pagamento e muitos soldados se instalaram no morro da favela,atual morro da providência,primeira comunidade carente do Brasil. Questão essa que se torna cada vez mais frequente no Brasil.




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