Com o aumento da industrialização, a crescente concentração de capital e a formação de grandes monopólios no século XIX, diversos países europeus se destacaram com o crescimento de suas economias. A partir da ascensão desse sistema, ocorreu o surgimento de uma nova classe social: os operários, isto é, os trabalhadores das indústrias capitalistas. Consequentemente, surgiram relações sociais de exploração entre os donos das fábricas e os trabalhadores das fábricas e a partir da insatisfação vivenciada por esses trabalhadores diversos movimentos surgiram com o intuito de solucionar esses problemas e de reivindicar seus direitos.
Dentre os acontecimentos que geraram influências importantes cabe citar a Comuna de Paris, 1871, que foi a realização de uma forma de governo controlada por trabalhadores e membros de classes populares da França e de outros países que esteve na memória coletiva do movimento operário, sendo sua experiência evocada em vários processos revolucionários posteriores. Além disso cabe ainda a Primeira Internacional (AIT) que foi a primeira organização que pretendeu reunir diversas correntes do movimento operário do mundo industrializado, na segunda metade do século XIX.
A partir desses movimentos que ocorreram pelo mundo tais influências afetaram o Brasil quando passava pela onda da industrialização na República Velha. No início da formação dessa classe de trabalhadores brasileiros percebe-se a predominância de imigrantes europeus fortemente influenciados pelos princípios anarquistas e comunistas. Com isso na primeira década do século XX, o Brasil já tinha um contingente operário com mais de 100 mil trabalhadores, com a grande maioria concentrada nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi nesse contexto que as reivindicações por melhores salários, jornada de trabalho reduzida e assistência social conviveram com perspectivas políticas mais incisivas que lutavam contra a manutenção da propriedade privada e do chamado “Estado Burguês” possibilitando o início do movimento operário.
Comuna de Paris.
Durante a primeira república, principalmente entre 1890-1920, os ideais anarquistas eram predominantes na esquerda brasileira. Autores como Proudhon, Bakunin, Kropotkin, Robin… são alguns que influenciaram o movimento operário brasileiro até 1920. O anarco-sindicalismo era a forma dos trabalhadores se organizarem. Essa influência anarquista no Brasil veio junto aos trabalhadores imigrantes da Europa.
Com a Revolução Russa em 1917, os ideais comunistas passaram a ser mais conhecidos e influenciar o movimento operário em todo o mundo.
Em 1919 foi fundado o primeiro Partido Comunista do Brasil, o partido ainda tinha muitas influências do anarco-sindicalismo, mas deixa de existir pouco tempo depois.
Em 1922 foi fundado do Partido Comunista do Brasil, hoje Partido Comunista Brasileiro(PCB), maior parte dos seus fundadores eram egressos do anarco-sindicalismo com forte presença dos ideais comunistas, inspirados pela Revolução Russa. O PCB foi colocado na ilegalidade meses após de ser fundado, mas isso não o impediu de crescer e se tornar um grande partido e dar continuidade ao movimento operário no país.
Delegados do congresso que fundou o PCB, em 1922.
Durante 15 e 22 de abril de 1906 ocorreu o primeiro Congresso Operário Brasileiro no Centro Galego na Rua da Constituição, Centro do Rio de Janeiro, e reuniu 43 delegados de 28 sindicatos e associações diferentes. Ainda que, desde 1892, tivessem ocorrido outros encontros no Rio De Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, era a primeira vez que um Congresso Operário teve alcance nacional e apresentou resultados amplos.
No congresso, duas frentes debateram diferentes temas: a dos sindicalistas revolucionários (maioria) e a dos pragmáticos (como eram chamados), que defendiam a colaboração entre classes e o desestímulo à greve. No final do Congresso, as propostas dos pragmáticos foram derrotadas.
Entre as resoluções do encontro, estava a indicação de que o operariado se organizasse em grupos de resistência econômica, colocando fora do sindicato toda e qualquer luta política. Eles também rejeitavam o assistencialismo como forma de atrair mais membros para os sindicatos.
O Congresso recomendou uma campanha contra a exploração de colonos pelos fazendeiros, sugerindo a formação de sindicatos de trabalhadores rurais. Eles também se posicionaram contra a exploração do trabalho feminino.
Aconselhava ainda que os sindicatos não criassem cargos remunerados, a menos que
eles exigissem dedicação integral, e a não aceitação de títulos honoríficos pelos sindicalistas. Recomendava ainda substituir as diretorias das entidades por comissões administrativas. Os participantes também aprovaram a luta imediata pela jornada diária de oito horas de trabalho. Para isso foi marcada uma greve geral que seria deflagrada a primeiro de maio de 1907. Greve que foi realizada e durou mais de 30 dias, conquistando vitórias para pedreiros, carpinteiros, sapateiros, gráficos, costureiras e metalúrgicos entre outros. Outra decisão importante foi a criação da Confederação Operária Brasileira
(COB) com sede no Rio de Janeiro.
Primeiro Congresso Operário Brasileiro.
No início do século XX, pequenas greves eram frequentes nos grandes centros industriais, e estas começaram a ganhar força. Notando a consolidação desses levantes, o governo promulgou uma lei que expulsou os estrangeiros considerados uma ameaça à segurança nacional. Essa tentativa de repressão foi rapidamente respondida por uma nova greve, agora maior, no estado de São Paulo, em 1907.
O governo, no entanto, permaneceu altamente vilipendioso nas situações de trabalho do período. Devido a isso, uma greve de maiores proporções, em 1917, estourou novamente em São Paulo, buscando a implantação de uma sociedade mais igualitária. A tensão tomou conta das ruas e um confronto com os policiais aconteceu, matando um jovem trabalhador. O governo, entretanto, tomou medidas arbitrárias como reação, prendendo grevistas, expulsando imigrantes e espancando manifestantes. Esse evento serviu para irritar ainda mais os operários, que passaram a organizar passeatas maiores pelo centro da cidade.
Greve Geral de 1917.
A Greve Geral deixou marcas entre os trabalhadores urbanos brasileiros. Desta maneira, podemos citar:
-O operariado brasileiro adquire consciência de classe
-Desenvolvem-se os primeiros sindicatos(como uma nova força no cenário político) a partir das ligas de classe dos bairros,
-Divulgação e fortalecimento das ideias de esquerda no Brasil
-A resolução de conflitos sociais não deveria ser resolvida através da polícia.
Bibliografia:
https://www.todamateria.com.br/greve-geral-de-1917/
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/movimento-operario-brasileiro.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/movimento-operario-no-seculo-xix.htm
http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2016-04/ha-110-anos-ocorria-o-primeiro-congresso-operario-brasileiro
https://www.estudokids.com.br/movimento-operario-no-brasil/
uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627111115.pdf