segunda-feira, 28 de maio de 2018

A Revolta da Chibata


 A Revolta da Chibata foi um motim naval no Rio de Janeiro, Brasil, ocorrido no final de novembro de 1910.

 Os marujos da Marinha de Guerra brasileira viviam sob péssimas condições de trabalho: soldados miseráveis, má alimentação, trabalhos excessivos e opressão da oficialidade. Mas os castigos físicos aos quais eram submetidos, principalmente com o uso de chibata, eram ainda mais graves.




O estopim que desencadeou a revolva ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais.


Os rebelados assassinaram o capitão do navio e mais três militares. Enquanto isso, na Baía de Guanabara, os insurgentes conseguiram a adesão dos marujos da nau São Paulo.

 O condutor da insurreição, João Cândido , foi o responsável por escrever a missiva com as solicitações exigidas para o fim da revolta.

Pressionado tanto pelas ameaças dos marujos quanto de políticos, o governo de Hermes da Fonseca aceitou os termos propostos e pôs fim aos castigos físicos na Marinha em 26 de novembro de 1910 e prometeu anistia a todos os envolvidos. A promessa do governo não foi cumprida e, no dia 28 de novembro, um decreto dispensou cerca de mil marinheiros por indisciplina.

Os marinheiros foram presos na Ilha das Cobras, sede do Batalhão Naval. Sentiram- se traídos e se amotinaram, em 9 de dezembro de 1910. Essa segunda revolta, no entanto, foi massacrada violentamente.

O governo deu uma resposta dura e a prisão foi bombardeada e destruída pelo exército, matando centenas de prisioneiros e fuzileiros navais.

Os 37 amotinados foram colocados em 2 prisões solitárias, lá morreram sufocados. Só João Cândido e outro companheiro sobreviveram.

Em 1911, os que aderiram ao movimento já estavam mortos, presos ou expulsos do serviço militar. Muitos dos envolvidos foram mandados para campos de trabalhos forçados nos seringais da Amazônia e na construção da ferrovia Madeira-Mamoré.



João Cândido, chamado de Almirante Negro pela imprensa, sobreviveu á prisão e foi inocentado, porém por estar traumatizado com tantos desgostos e sofrimentos, foi considerado desequilibrado e internado num hospício.

Ele seria absolvido das acusações em 1º de dezembro de 1912, mas foi expulso da Marinha.

Tentou diversos trabalhos, tanto na marinha mercante quanto em outros locais, todavia era sempre perseguido pela própria marinha brasileira ou por seus patrões quando descobriam que se tratava do Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata.

Virou pescador e vendedor, até que o jornalista Edmar Morel transformou sua história e lançou o livro "A Revolta da Chibata", em 1959.

João Cândido morreu como pescador, sem reconhecimento, pois faleceu em 1969, em plena ditadura militar. Em sua homenagem, João Bosco e Aldir Blanc compuseram a música O Mestre-Sala dos Mares, que ficou famosa na interpretação de Elis Regina.

Durante anos, a única homenagem a João Cândido foi “as pedras pisadas do cais”. Em 2002, a ideia era também conseguir uma indenização para as famílias dos marinheiros que, ao participarem do movimento, pagaram um preço muito caro, sendo despejadas da marinha e perdendo o sustento.

Só em 23 de julho de 2008, o governo brasileiro entendeu que eram legítimas as causas da revolta e concedeu anistia aos marinheiros envolvidos.

Para relembrar o centenário da revolta, na Praça 15 foi erigida uma estátua cujo objetivo é lembrar que a luta pelo fim dos castigos físicos e por melhores condições de trabalho na marinha não foi em vão.





Livros sore a revolta:

- Revolta da Chibata (Rio de Janeiro 1910)Autor: Roland, Maria Inês de França

- A Revolta da ChibataAutor: Morel, Edmar
- João Cândido - O Almirante Negro

  Autor: Cheuiche, Alcy

9 comentários:

  1. Nossa, muito bom, bem semelhante ao que o professor falou em sala nas últimas aulas

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  2. Nesse motim os marinheiros receberam apoio da população?? Muito bom trabalho, galera, parabéns!!

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  3. Somente marinheiros afro-brasileiros e mulatos eram punidos desta forma?

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  4. Por que a Marinha mantinha seus funcionários em péssimas condições de trabalho?

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Gostaria de acrescentar que o documentário A Vida de João Cândido (responsável por liderar oficiais para reinvindicar o fim dos castigos físicos na marinha), reproduziu a revolta da chibata. Começou a ser produzido em 1910 e foi finalizado em 1912. Mas nunca foi exibido. Em 22 de janeiro de 1912, o chefe da polícia do Rio, Belizário Fernandes da Silva Távora, proibiu a estreia. “Se não fizesse o que fez, talvez a esta hora o Rio em peso estivesse revolucionado”, defendeu o Correio da Manhã. Tido hoje como desaparecido, o curta-metragem foi o primeiro filme brasileiro a cair nas garras da censura.

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  7. Pode-se dizer que a revolta da chibata teve início no RJ em especial e não em outro estado porque a Marinha daqui já tinha como histórico a Revolta da Armada? Ou isso não tem nada a ver?

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  8. Essa anistia tardia, em 2008, teve algum efeito além de representativo?

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  9. como fixpua estrutura da marinha apos a revolta?

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