domingo, 20 de maio de 2018

A Guerra de Canudos



 A chamada Guerra de Canudosrevolução de Canudos ou insurreição de Canudos, foi o confronto entre um movimento popular de fundo sócio-religioso e o Exército da República, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no Brasil. 
   

Contexto histórico   



  A situação na região, à época, era muito precária devido às secas, à fome, à pobreza e à violência social. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais, os quais, diante da incapacidade dos poderes constituídos em debelá-los, conduziram a um conflito de maiores proporções. 

Religiosidade em Canudos

Apareceu no sertão do Norte um indivíduo, que se 
diz chamar Antônio Conselheiro e que exerce grande influência no espírito das classes populares. Deixou crescer a barba e os cabelos, veste uma túnica de algodão e alimenta-se tenuemente, sendo quase uma múmia. Acompanhado de duas professas, vive a rezar terços e ladainhas e a pregar e dar conselhos às multidões, que reúne onde lhes permitem os párocos. Descrição da Folhinha Laemmert, de 1877, reproduzida por Euclides da Cunha em Os Sertões1902. 
  Antônio Vicente Mendes Maciel (ou Antônio Conselheiro) após ser solto da prisão, tornou-se um profeta leigo organizando mutirões para reformar igrejas e cemitérios, fazendo pregações para que o povo mais humilde de sua região. Ele fundou a comunidade de Belo Monte ou, melhor conhecida, Canudos para abrigar os milhares de seguidores que ia reunindo. Tal comunidade não reconhecida a autoridade da república. Antônio Conselheiro não concordava com a República e nem com o casamento e registro civis, defendendo as tradições, o catolicismo popular e a monarquia. 
Além de se opor à República nos planos político e ideológico, os Conselheiristas (chamados de "fanáticos" no Sudeste) eram contra o aumento de impostos que veio com a República e com isso, levava os trabalhadores a deixarem de servir os grandes fazendeiros da regiãoque perdiam sua mão de obra barata e temiam uma reforma agrária radical e popular. A igreja Católica também se opunha às práticas do Conselheiro. Canudos se tornou uma teocracia ,com base nas interpretações religiosas de Antônio Conselheiro, formando uma comunidade com maior igualdade social. 

Os conflitos militares 



Chegada das forças que
vieram da guera
  Nas três primeiras tentativas das tropas governistas em combater o arraial de Canudos nenhuma foi bem-sucedida. Os sertanejos e jagunços se armaram e resistiram com força contra os militares. Porém, em outubro de 1897,o governo federal enviou quase todo o exército, sob a liderança do general Arthur Oscar, para destruir Canudos. Dessa vez, foi criada uma linha de abastecimento entre as cidades para fornecer munição, água e alimentos par as tropas na linha de frente para evitar o erro repetido. Canudos foi cercada e os moradores passaram a sofrer fome, sede e doenças. Antônio Conselheiro morreu doente antes da destruição total da cidade pelo exército, o que ampliou a desmotivação entre seus seguidores.  Muitos conseguiram fugir, mas principalmente mulheres e crianças se renderam ao exército. Outros foram executados e degolados pelos militares.

Mulheres e crianças, seguidoras de Antônio Conselheiro,
presas durante os últimos dias da guerra

  Entre os dias 3 e 5 de outubro de 1897,Canudos foi bombardeada, invadida e incendiada pelo exército. Milhares de sertanejos que ainda resistiram foram mortos em um verdadeiro massacre contra o povo brasileiro praticado pelo próprio governo brasileiro, que até então não havia se preocupado com essa parte do povo e que até hoje sofre com problemas como a falta d'água, fome, desemprego, sáude, educação etc. 

Na Literatura 

  O jornalista e militar Euclides Cunha (natural de Cantagalo,Rj) trabalhando para o jornal O estado de São Paulo (existente até hoje) testemunha os eventos finais de Canudos. Em 1902 publicou o livro Os Sertões , clássico da literatura brasileira, onde narra o meio geográfico e toda a trajetória de Canudos, denunciando o massacre contra os seus moradores contribuindo assim para o entendimento da questão. Já que até então, a opinião pública da época apoiava o ataque. Ele se uniu com outros autores, como Lima Barreto.Que denunciaram o autoritarismo do início da República brasileira. 

  O exército "vitorioso" não recebeu seu pagamento e muitos soldados se instalaram no morro da favela,atual morro da providência,primeira comunidade carente do Brasil. Questão essa que se torna cada vez mais frequente no Brasil.




7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Qual a estimativa de pessoas mortas nessa guerra?

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  3. A religiosidade sempre é um fator importante na sociedade, assim foi também na guerra do contestado.

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  4. Não tenho nada a acrescentar ao texto. Gostaria apenas de expressar meu contentamento em lê-lo. Isso porque os jovens autores dessa postagem demonstraram efetivo conhecimento do assunto e escreveram de forma simples e precisa. Parabéns!

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  5. Pedro Henrique Torres6 de junho de 2018 às 14:57

    Qual foi a repercussão dos relatos de Euclides da Cunha no cenário internacional?

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  6. A região de Belo Monte e Canudos pode ser ocupada de forma pacífica? As terras ocupadas não pertenciam a ninguém, não eram lavouras de ninguém?

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  7. Foi a instalação dos soldados no morro da favela que fez surgir o atual morro da providência?

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